Como uma montanha-russa, a vida de Richelly Vieira se viu numa mudança brusca quando, aos 15 anos de idade, descobriu que tinha uma doença inflamatória crônica, o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). A adolescente se encontrava em estado gravíssimo, sofrendo com convulsões frequentes e paradas cardiorrespiratórias, chegando a ficar entubada e sedada por 11 dias.
“No dia que eu fui internada pensava que iria apenas tomar um soro e depois ir para casa, mas acabei ficando aquele tempo todo lá e hoje estou aqui boa”, diz Richelly.
Tudo começou em 13 de janeiro de 2017. Naquela data, Richelly foi levada inicialmente a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Valentina, e, logo em seguida, ela foi encaminhada ao Hospital Universitário Lauro Wanderley (HU), ambos em João Pessoa. A jovem reclamava há dias de febre, dor de cabeça, dores nas articulações e perda de peso. Com o resultado dos exames e a gravidade da doença, muitos conflitos permearam a família.
Com uma medicação indicada por uma médica de São Paulo, Richelly começou a reagir ao tratamento, até diminuir a sedação para a retirada dos tubos. A jovem ficou mais alguns dias na UTI e logo em seguida foi transferida para a enfermaria pediátrica, onde foi sendo cuidada, fazendo fisioterapia, pois como ficou muito tempo sedada, não sabia mais andar. Estava bastante debilitada e chegou a perder 30 quilos.
“Foi muito difícil, porque eu colocava ela na cadeira de rodas depois tirava para dar banho, vestia sua roupa porque ela não ficava em pé, penteava o cabelo. No começo até comida eu dava na boca dela. E ficávamos treinando para ela andar o mais rápido possível”, relembra dona Lourdes, mãe da jovem.
Em seu processo de reabilitação, Richelly fez terapia ocupacional para reaprender a fazer suas atividades diárias, como pentear os cabelos, escovar os dentes, escrever e comer.
Richelly hoje tem 20 anos de idade, é estudante universitária do curso de Comunicação Social (Jornalismo) e é moradora do bairro de Gramame, em João Pessoa.
Conhecendo o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)
Trata-se de uma doença inflamatória causada quando o sistema imunológico ataca seus próprios tecidos. O Lúpus pode afetar articulações, pele, rins, células sanguíneas, cérebro, coração e pulmões.
Os sintomas variam, mas podem incluir fadiga, dores nas articulações, manchas na pele e febre. Podem se agravar (crise) por alguns períodos e, posteriormente, melhorar. Embora não haja cura para o Lúpus, os tratamentos atuais procuram melhorar a qualidade de vida pelo controle dos sintomas e pela diminuição das crises. Isso começa com modificações no estilo de vida, incluindo dieta e proteção contra o sol. Outras medidas de controle da doença incluem medicamentos, como antiinflamatórios e esteróides.
Em junho de 2019, entretanto, após realizar alguns exames de rotina, foi descoberto uma alteração nos rins. Encaminhada para uma especialista, a recomendação era de fazer uma biópsia renal, na qual foi diagnosticada uma inflamação nos rins.
Diante disso, começava mais uma luta contra a doença, várias medicações foram prescritas, mas sem sucesso. Para obter o controle da doença e assim os resultados dos exames serem positivos, os médicos associaram mais uma medicação na qual o resultado vem sendo satisfatório.
Richelly tem algumas restrições como levar sol, ficar muito tempo em pé e andar muito. Faz uso de vários medicamentos diariamente e sempre se protege com protetor solar 24 horas. Tem consultas e exames mensalmente para acompanhar o processo da doença no seu corpo que, por alguns períodos, se manifesta de uma forma mais agressiva. Neste momento, dona Lourdes é seu maior apoio diariamente.
“Às vezes é bem complicado, porque muitas coisas que eu fazia antes como ir na praia levar sol, eu não posso”, acrescenta Richelly.
Com fé e muita gratidão, hoje a jovem serve de inspiração para outras pessoas que estão passando por isso, com seu exemplo de perseverança. Sua luta é incessante, porém com otimismo e fé ela vai vivendo um dia de cada vez.
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