A ex-deputada federal e atual vereadora de João Pessoa, Eliza Virgínia (PP), lamentou pelo voto do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), nessa sexta-feira (21), que votou para a condenação de Débora Rodrigues dos Santos a 14 anos de prisão em regime fechado.
Débora está detida acusada de participar dos supostos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Ela também foi acusada de pichar a frase “Perdeu, mané”, utilizando um batom, na estátua da Justiça, em frente ao prédio do STF.
A referida frase foi dita pelo presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, em novembro de 2022, durante um evento em Nova York, nos Estados Unidos, ao responder a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Eliza lembra que quando assumiu como deputada federal, em junho do ano passado, um dos seus primeiros atos foi fazer uma manifestação em frente ao STF, pedindo a libertação das “Déboras”, enfatizando na ocasião a prisão de Débora e reivindicando sua soltura.
Para a vereadora, Débora teria que ser solta assim como a esposa de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, que teve a prisão convertida em domiciliar, em decorrência de ser mãe de dois filhos, fato este, semelhante ao de Débora.
“As mulheres têm essa prerrogativa de criar os seus filhos em casa, mesmo presas. Será que é a mesma medida? Será que estamos tendo igualdade no nosso país?”, questionou Eliza.
Em suas redes sociais, a parlamentar lamentou pela postura do ministro Alexandre de Moraes, e se mostrou bastante abalada emocionalmente.
“Estou muito indignada, muito triste, muito chocada com mais esta notícia. Moraes votou pela prisão de Débora, aquela do batom, aquela cujo crime para nós foi apenas pichar ‘Perdeu mané’, na estátua em frente ao STF, porém ela foi condenada a 14 anos de prisão por abolição violenta ao estado democrático de direito; golpe de estado, com esta arma (mostra o batom para câmera); dano qualificado, o dano que você passa uma esponjinha com detergente e ele sai na mesma hora (referindo-se ao batom); deterioração do patrimônio tombado, não quebrou nada, manchou, saiu (referindo-se à tinta do batom); associação criminosa armada, cuja arma é esse batom (mostra o batom à câmera)“, critica Eliza.
Ela enfatiza que também está sendo perseguida e cita a falta de liberdade de expressão.
“Será que nesses últimos 40 anos não estamos tendo perseguições políticas? Nem presos, nem exilados políticos? Não estamos tendo crimes de opinião? Eu mesmo estou sendo vítima de uma perseguição política, e estão querendo me prender por algum crime de opinião. Será que nós não estamos tendo usurpação das garantias constitucionais? A Débora e os outros presos do 8 de janeiro é a maior prova de que sim, estamos passando por tudo isso no nosso Brasil”, pontuou.
Eliza disse que até hoje mantém comunicação com a família de Débora e ressaltou a necessidade da aprovação da anistia para o 8 de Janeiro. “Estou profundamente indignada, profundamente triste, não só por Débora, mas por todos os presos políticos, não vamos nos calar, anistia já!”, concluiu.
Após o voto de Moraes, o julgamento de Débora segue até a próxima sexta-feira (28). Ainda faltam os votos dos ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino, Luiz Fux e Cármen Lúcia.
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Portal PB News